Ir a eventos “nerd” nunca foi uma prioridade. Apesar de gostar de videogames e livros de fantasia desde cedo, não tinha muita grana e sempre fui introspectiva. Gastar pra ficar em um espaço lotado parecia maluquice – no máximo, abri exceção pra algumas Bienais do Livro.
Ano passado nem liguei pra primeira edição da Comic Con Experience (CCXP) e esse ano faria o mesmo, até que minha amiga Gisele me presenteou com dois passes pra sexta-feira, 4 de dezembro.
Antes do Malk e eu irmos, a Gi listou o que acreditava que eu mais gostaria no evento: o Artists’ Alley (espaço para quadrinistas divulgarem e venderem seus trabalhos) e o David Tennant (que participaria de um painel na sexta).
Resolvi documentar aqui os prós e contras da minha experiência (pessoal e intransferível):
O que estranhei:
Multidões:
Lugares muito cheios me deixam desnorteada e a CCXP, como era de se esperar, estava lotada. Haviam filas só pra passear em alguns stands e outras até para tirar foto na frente de pôsteres e maquetes. O volume de pessoas e o calor foram me deixando cada vez mais tensa.
Só consegui relaxar conforme o lugar foi “esvaziando”. Quando finalmente me animei para tirar algumas fotos da galera, o cansaço venceu. A fila para o painel do Netflix (com o David Tennant) era impossível mas não me chateei: meus pés estavam me matando! Encerramos a noite cedo e fomos comer pizza. :)
Preços:
Para início de conversa, se não tivéssemos ganhado os passes, não teríamos ido. Os preços para entrada já eram bem altos (até R$120/cabeça por dia) mas o preço full experience (R$5.990 pra furar filas, pegar uns 4 autógrafos e umas tranqueiras) era de arrancar risada. Fora os custos com estacionamento (R$35), alimentação e fotos/autógrafos de artistas (alguns gratuitos, outros até R$180 por item).
É uma lógica de gastar bastante pra ter a oportunidade de gastar mais ainda, o que me leva ao próximo ponto…
Consumismo:
A CCXP pode se vender como “experiência” mas é uma feira – as celebridades atraem o público, que então precisa gastar com os expositores. Respeito a dinâmica, porém fiquei com um zumbido desagradável nos ouvidos, repetindo: “Compre seu crachá nerd! Não deixe o mundo na dúvida!”. Algo como um culto ensurdecedor à celebridade e ao produto licenciado.
É irritante ver a quantidade de produtos de má qualidade (e/ou puramente inúteis) que nos são empurrados só porque nos encaixamos num rótulo. Lutar contra o consumismo é um esforço constante – tento sempre me questionar do porque gastar com um colecionável sem graça, se posso comprar criações ou conteúdos interessantes. Já comprei muita tralha nessa vida, mas ainda não amanheceu o dia em que vou PRECISAR de um esmalte Star Wars.
O que gostei:
Cosplayers:
Apesar de não ir a eventos, gosto bastante de cosplay, especialmente em crianças ou os improvisados (♥ cospobre). Na CCXP descobri que adoro ver cosplayers em situações mundanas como pegar fila ou sentar pra descansar no chão. Onde mais eu veria uma cena dessa:
Artists’ Alley:
A Gi acertou em cheio, essa foi de longe a melhor parte do evento e o único momento em que nosso dinheiro esteve em perigo. O Artists’ Alley estava cheio de quadrinistas e ilustradores vendendo pôsteres, livros, sketches e outras coisinhas. Não só os materiais tinham boa qualidade e preços acessíveis, como era possível até conversar com seus criadores.
Como fomos de última hora, não podíamos gastar muito e eu trouxe só dois itens: um pôster do Weberson Santiago e a HQ Plumba do 2Minds. Em outra mesa, o Malk comprou dois pôsters amarelinhos (Fallout e Zelda).
Fiquei relembrando os stands e fazendo umas pesquisas horas depois de voltar. Quando a Gi voltou à CCXP no sábado, pedi que me trouxesse a primeira edição da HQ QUAD (Diego Sanches, Aluísio Santos, Eduardo Ferigato e Eduardo Schaal). Adorei o trabalho de vários artistas e em 2016 vou aos eventos exclusivos de quadrinhos, dessa vez com uma verba bem maior.
Resumo da Ópera CCXP:
Apesar dos seus méritos e de seu porte, a CCXP não é um evento pra mim, especialmente por ser muito cheia e com pouco retorno – muito barulho e pouca substância.
Ao menos o evento serviu para me interessar pelo cenário de quadrinhos nacionais, que conheço muito pouco. Já até comecei a me organizar pra ir em eventos especializados em 2016 – por isso, serei sempre grata a CCXP!
E você, tem experiência com eventos pros seus hobbies? Como era a estrutura? O que faz valer a pena sair de casa?